sábado, 2 de abril de 2011

A FÓRMULA DA HIPOCRISIA: Coar mosquitos e engolir camelos



Fábula: 
 Gafanhoto estressado e a Aranha bem-intencionada.
 Cena um: O Gafanhoto tenta convencer a Aranha de que um colega de trabalho dos dois, o Camaleão, é um hipócrita de carteirinha.
 - Esse Camaleão é um fingido, Aranha. Sempre mudando de cor conforme a ocasião.
 - Mas essa não seria só a natureza dele, Gafanhoto? Ele não foi criado desse jeito?
 - Nada! Antigamente, ele fazia o mesmo que nós, dava duro para ganhar a vida. Depois, virou esse artista em tempo integral, sempre escondido atrás de disfarces e artimanhas.
 - Mas por que ele faria isso?
 - Para tirar proveito da situação. Ele fica ali, na moita, com aquela cara inofensiva, mas, na primeira oportunidade, abocanha os descuidados.
 - Puxa, é verdade. Eu que passo horas tecendo a minha teia, no maior capricho…
 - E eu, que fico pulando de um lado para outro sem parar? É por isso que vivo estressado. Se me distraio, o Camaleão solta a língua e me pega.
 - É mesmo. Se você não me abre os oito olhos, eu nunca teria pensado nisso.
 - Por que você é singela e bem-intencionada. Sabe como chama o que o Camaleão está fazendo? Competição desleal no local de trabalho!
 - Faz sentido. Você é um sábio, Gafanhoto.
 - Obrigado, Aranha. Mas o ponto é que não podemos, nunca, confiar no Camaleão.
 - Será que não haveria um jeito de neutralizá-lo?
 - Bom, para nosso benefício mútuo, eu acho que tenho um plano infalível.
 - Tem? – Perguntou o gafanhoto.
 - Tenho. Escute.
 Cena dois: o Gafanhoto se aproxima para escutar o plano da aranha. E se enrosca na teia. Imediatamente, ela o pica e começa a embrulhá-lo para o almoço.
 - O que você está fazendo, Aranha? Nós não somos colegas e parceiros?
  - Não leve a mal, meu caro Gafanhoto, mas essa é a lei aqui da selva: boa intenção é uma coisa e prioridade pessoal é outra…
O mundo é dos hipócritas!
 Essa fábula faz-me lembrar dos hipócritas. Eles estão por todas as partes do globo. Nesse momento eles podem “devorando gafanhotos”; dirigindo veículos; fazendo comícios; escrevendo livros; administrando empresas etc...
Na maioria das vezes ela tenta se esconder. A discrição, aliás, é uma de suas características marcantes, ao lado da falta de vergonha e da esperteza. Basta, porém, somente uma frase ou um ato para ela surgir. Com aparência de quem roubou o doce de uma criança ou empurrou um bêbado ladeira abaixo, ela surge com as “mãos sujas” dizendo: “não fiz nada de errado!”.
 James Spiegel diz que “quase diariamente, reportagens sobre a hipocrisia são transmitidas na mídia. Políticos respeitados são acusados de negociações obscuras. Ícones do esporte e do showbusiness são detidos por posse de drogas. Líderes religiosos confessam ter relações sexuais fora do casamento ou contra as determinações da igreja. Estamos todos bem familiarizados com os inúmeros casos de personalidades que recentemente se tornaram sinônimos de hipocrisia. Esse fenômeno, porém, nada tem de novo. Toda era teve seus hipócritas.”

Valmir Nascimento.

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