NA BEIRA DO ABISMO....
Já compararam o ato de apaixonar-se
com jogar-se de um abismo: você sabe que a queda é dolorosa, mas a sensação de
pular, o frio na barriga, o vento no rosto, o sentir-se vivo, inteiro, faz tal
loucura valer pena.
Você está
sozinho e procura por alguém. Fato: o ser humano não sabe ser sozinho. Procura
sua metade, alguém que lhe faça bem, que o complete. Mas nessa busca (que não é
fácil, muitos sequer conseguem terminar essa jornada) você acaba se deparando
com questões complexas, como ‘O que eu
realmente quero?’.
Afinal, se todo mundo busca por alguém, por que tantas pessoas sozinhas ao
nosso redor? Essas pessoas já não deveriam ter se encontrado?
Mas vamos
supor que você encontrou alguém. E você está naquela situação, empolgado, na beira
do abismo, borboletas na barriga (“butterflies,
you make me feel like butterflies…”) e tem que se decidir: pulo ou não pulo? O céu azul, o
vento no rosto, a liberdade… Parece que uma força te puxa, te chama, diz ‘Pule, seja feliz!’.
E é nessa
hora que você pode escolher. Pois sim, existe um determinado momento em que a
gente escolhe se vai ou se fica, se damos a cara à tapa ou se puxamos o freio,
se pulamos no abismo ou se damos meia volta. A partir daí, sinto lhe informar,
é por sua conta e risco.
E,
normalmente, a gente pula. Sem verificar se existe rede de proteção, se temos
asas, se sobreviveremos à queda. Pensamos apenas no céu azul, no vento no
rosto, nas borboletas na barriga. Aquela sensação! Ahhhh, aquela sensação vale
tudo!
Mas, muitas
vezes, nos estabacamos no chão. Com força! E ficamos ali, machucados, expostos,
desprotegidos… E dói. Dói muito. Até mesmo nos esquecemos que sentir aquela dor
era um risco que estávamos dispostos a correr. E praguejamos, choramos,
sofremos. Amaldiçoamos o abismo, o frio na espinha, as borboletas na barriga.
Malditas borboletas, infelizes borboletas! Juramos que nunca mais, NUNCA MAIS! vamos sofrer daquele jeito. Não vale a pena! E juntamos nossos caquinhos,
nos remontamos, nos reerguemos. Pois apesar de não nos acharmos capazes, nós
sempre sobrevivemos. É nosso instinto, é humano. Podemos nos refazer e
ressurgir das cinzas. Seguimos nossas vidas. Observamos as pessoas à nossas
volta, deixamos que o tempo se encarregue de colocar as coisas no devido lugar.
Até que num
belo dia a lembrança daquela dor ficou pra trás. Estamos refeitos, trilhando o
nosso caminho, a vida novamente nos eixos. E então surge um novo alguém que nos
convida para um passeio… Empolgação, felicidade e, sem nos darmos conta,
estamos ali novamente, na beira do abismo, apreciando aquele maravilhoso céu
azul, o vento batendo em nosso rosto, o frio na espinha, as borboletas na
barriga… Ah, as borboletas na barriga! Que sensação maravilhosa! E é nessa hora
que você pode escolher. E então você pula novamente! Afinal, você pode voar!
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